sexta-feira, 28 de março de 2008

Comunicado da Comissão

Aos Órgãos de Comunicação Social
Agradecemos a divulgação da seguinte Nota:
COMISSÃO DE UTENTES AVALIA ESTAÇÕES DA LINHA DE SINTRA
A primeira fase de avaliação desta Comissão recai sobre as estações (de Benfica até Sintra) e abrange as diversas vertentes consideradas essenciais: segurança de pessoas e bens, segurança contra incêndios, higiene e limpeza, funcionamento das bilheteiras, estacionamento, barreiras arquitectónicas, conforto, actividade comercial e oferta de outros serviços aos utentes. Uma segunda fase contemplará as estações de Sete-Rios, Entrecampos-Poente, Entrecampos e Roma-Areeiro.
Segurança de pessoas e bens
Todas estas estações têm videovigilância. Contudo, os monitores das câmaras encontram-se nas bilheteiras, o que torna este sistema inoperacional em situações de emergência em que seja necessária a intervenção da Polícia Ferroviária. É inconcebível que a Segurança nas estações esteja a cargo dos funcionários das bilheteiras, quando estes, na maior parte do seu tempo de trabalho, não têm sequer hipótese de olhar para as câmaras. A única vantagem da existência de câmaras de vídeovigilância reside no facto destas poderem registar qualquer incidente, caso estejam a focar essa zona, dado que as imagens são gravadas rotativamente. É inadmissível que um sistema relativamente oneroso esteja a funcionar em tão deficientes condições. Para além disso, há longos túneis nas estações que não são cobertos pelas câmaras.
As bilheteiras têm horários de funcionamento reduzidos, o que cria mais um factor de insegurança. Há períodos em que os utentes não têm hipótese de recorrer a qualquer funcionário da CP, da segurança privada ou da Polícia Ferroviária.
Há estações com segurança privada e há outras que nem isso têm. Naquelas onde existe, os horários de permanência são mais prolongados numas do que noutras e há ainda estações onde esta segurança funciona apenas de noite.
Segurança contra incêndios
Todas as estações têm sistema de mangueiras para incêndios. No entanto, em algumas, não têm uma conservação adequada, podendo, nesta situação, não funcionar eficientemente em caso de necessidade. A CULS tem dúvidas sobre se este sistema poderá ser utilizado em caso de incêndio nas composições dada a presença das catenárias. Seria bom que a REFER nos tranquilizasse, informando se existem meios adequados nas estações para serem utilizados pelos funcionários da CP enquanto não chega o Serviço de Bombeiros.
Higiene e limpeza
A higiene e limpeza, revela padrões de qualidade. No entanto, nas estações de Massamá-Barcarena e Agualva-Cacém, existem autênticas lixeiras de detritos diversos a que urge pôr fim.
Funcionamento das bilheteiras
O horário de funcionamento das bilheteiras é muito diversificado e reduzido. Esta situação prenuncia objectivos economicistas, com o objectivo de reduzir o número de funcionários das bilheteiras. A única alternativa que existe para a compra de títulos de transporte é o recurso às máquinas que, que por razões várias, não dão resposta, designadamente a deficientes e idosos.
Parques de estacionamento das estações
A CULS continua a defender que os parques de estacionamento devem ser gratuitos. A sua taxa de ocupação é muito reduzida e não se compreende que, investimentos relativamente elevados não sejam devidamente rentabilizados. A sua gratuitidade seria uma medida que teria um reverso positivo no aumento de utentes da Linha de Sintra. O único parque que tem uma taxa de ocupação elevada é o da Damaia. Porém, segundo informações a que tivemos acesso, a sua maior taxa de ocupação não deriva de utentes de transportes colectivos.
Barreiras arquitectónicas e sinalética
Pode-se considerar que o problema das barreiras arquitectónicas está resolvido. No entanto, nos pisos das estações, ainda se verifique uma ou outra “ratoeira”, como tábuas ou tijolos, perigosos para utentes de mobilidade reduzida.
Há estações que têm indicações em alfabeto Braille, o que é positivo.
Quanto à sinalética não encontrámos deficiências de registo.
As gares das estações devem ser adaptadas para que os Bombeiros possam retirar, com facilidade, utentes que eventualmente caiam à linha.
Conforto
O conforto nas gares das estações passa, inevitavelmente, pela existência de abrigos para resguardo dos utentes. A intervenção da CULS tem levado a CP a contemplar esta exigência na maior parte das estações avaliadas. No entanto, constatámos que existem ainda estações sem abrigos como é o caso das Estações de Sta Cruz-Damaia. Não é aceitável que os projectos das estações novas sejam apresentados e aceites pela CP com metade das coberturas ou mesmo sem elas e sem abrigos, com o consequente desconforto para os utentes.
Quanto aos WC, continuamos a defender o seu uso gratuito. Nas estações de Sintra, Portela e Algueirão o preço de utilização é de 25 cêntimos e nas restantes é de 20 cêntimos. É um critério difícil de aceitar e de entender. Por outro lado verificámos que o WC da estação da Reboleira se encontra encerrado e o das Mercês está impróprio, desde há algum tempo, por ter sido vandalizado, o que é demonstrativo da falta de segurança. Estes problemas deverão ser resolvidos com urgência.
Não podemos deixar de referir que há algumas estações novas bem concebidas, agradáveis, com azulejaria, com boa iluminação, acessos fáceis às gares, podendo vir a ser locais a utilizar para a realização de eventos culturais.
A Freguesia de Algueirão-Mem Martins necessita urgentemente de uma estação nova. A actual está completamente obsoleta, não se compreendendo que uma cidade com perto de 100.000 habitantes tenha ao seu serviço uma estação tão má. Esta apreciação aplica-se também às estações de Agualva-Cacém e Massamá-Barcarena.
Actividade comercial e outros serviços
Verificámos a existência de um conjunto de serviços que actualmente são indispensáveis, como caixas de Multibanco, cabinas telefónicas, comércio de vários produtos e estações de táxi.
A CULS defende que o aumento de serviços nas estações poderá ser um factor de incentivo à utilização deste meio de transporte, dado que facilitarão cada vez mais a vida dos cidadãos.
Não seria de considerar a hipótese da instalação de Repartições de Finanças, de Correios, de Serviços Municipalizados, da EDP, de Lojas do Cidadão e de muitos outros, a horas compatíveis com o horário de trabalho da esmagadora maioria dos cidadãos? Naturalmente que esta sugestão só seria exequível em estações novas e com instalações disponíveis. As futuras estações de Massamá-Barcarena, Agualva-Cacém e Algueirão-Mem Martins já poderiam ser projectadas nesta perspectiva, dado que a população destas três freguesias se cifrará em mais de 200.000 habitantes.
Considerações finais
Desde 1990 - ano em foi constituída a Comissão de Utentes da Linha de Sintra - houve uma melhoria clara na qualidade do transporte ferroviário oferecido aos utentes, em resultado, também da nossa intervenção. Apesar disso, a linha de Sintra não foi projectada na sua globalidade, mas sim aos solavancos. Não se entende, por exemplo, porque razão a sua modernização não foi concluída até Agualva-Cacém e foram construídas novas estações de Agualva-Cacém até Sintra, na sua maioria apenas com via dupla, quando deveriam ter sido construídas na perspectiva de uma futura quadruplicação até Sintra. Quando esta necessidade se vier a colocar quase todas as novas estações entre Agualva-Cacém terão de ser demolidas!
Não se entende também porque razão, há perto de 2 anos, foi feito um investimento de 17 milhões de Euros em Mira Sintra-Meleças, com a justificação de que esse investimento era indispensável para a construção da Estação de Agualva-Cacém, quando, segundo a REFER, esta só estará concluída em 2011.
25.Setembro.2006
A Comissão de Utentes da Linha de Sintra

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